quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Haiti

Dentro das minhas crenças filosófico-religiosas pessoais, NADA acontece por acaso. O meu enfoque pessoal da tragédia que assola o Haiti pode chocar alguns, então peço para lerem de mente aberta e coração desarmado. O que aconteceu no Haiti precisava acontecer.


É um país que há muitos anos vem sido ignorado solenemente por muitas nações que poderiam estar ajudando, mas que preferem o conforto da desculpa de que as relações diplomáticas impedem maiores intervenções. Desculpa essa inconcebível, se levarmos em conta o estado de completa miséria e desorganização político-social que o Haiti vive há séculos. Acabo de ouvir Arnaldo Jabor dando uma aula histórica sobre o Haiti na TV e o cenário é muito assustador: colonização mal feita, seguida por regimes ditatoriais sanguinários e exploratórios. Zero organização social. Não havia polícia, justiça, congresso, NADA! Voto, então, nem pensar. A população, de raízes africanas tribais, é vista como gado, como escória sub-humana. Não havia o interesse em transformar essas pessoas em SERES HUMANOS com direitos e deveres político-sociais.


As Forças de Paz da ONU enviam sim, há alguns anos, ajuda humanitária. Insuficiente. Ineficaz. O Haiti, antes desse terremoto, possuía 75% de desemprego e 50% de analfabetismo. 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com o equivalente a R$ 2,00 por dia. Isso quem TEM essa renda. Ouvi um membro de uma ONG hoje contando que pessoas perambulam pelas ruas ou mexendo em lixo, ou tentando vender coisas feitas por si, que nem chegam a ser artesanato, sem no entanto conseguir vender, já que seus pares também são miseráveis.


Sinceramente, quando ouvi esse relato eu chorei. Muito. Como também choro escrevendo esse artigo. Acho inadmissível em pleno século XXI seres humanos serem tratados como animais, ou pior ainda. Acho inconcebível nesse mundo um lugar onde não haja o mínimo de condições sanitárias, onde as coisas ainda sejam tratadas à base dos tiros, das condenações sumárias. Onde as pessoas não tenham direito a um mínimo de condições dignas para viverem. Onde não possam se tornar HUMANOS.


Eu iniciei esse artigo dizendo que nada é por acaso. Pois, na minha visão, foi a única forma que a VIDA, DEUS, DESTINO, ou seja como vocês quiserem chamar, achou de abrir os olhos da humanidade para um lugar esquecido por nós, seus irmãos. Muitas vidas foram ceifadas, inclusive de muitos voluntários que lá estavam para ajudar a colocar ordem no caos, mas tenho a plena convicção de que se foram cientes dos seus deveres cumpridos, felizes como humanos de terem dado sua contribuição em prol de irmãos. Quando se morre assim, não se morre em vão. Se morre em nome de uma causa MUITO maior... e essa causa, AGORA, está nas mãos de todos nós, que ainda vivemos.


Não deixemos, pois, que nossos Governos façam apenas "trabalho pra inglês ver". Cobremos de nossas autoridades a reconstrução do Haiti e a continuidade dos trabalhos de REORGANIZAÇÃO SOCIAL daquele país, mormente. Somente assim honraremos não só os que morreram nessa causa, como também honraremos sermos chamados de SERES HUMANOS! ;)


COMO AJUDAR:


www.actionaid.org.br




P.S.: O Google está nessa campanha:


P.S.2: Países do continente africano estão na MESMA situação, não esqueçam disso.




2 comentários:

Gueré disse...

até que enfim alguém que enxerga além do coitadismo!
adorei o texto!

Diego Hatake disse...

Não achei seu texto chocante ou polêmico. Está certa. Certíssima.
E pior é que o Haiti não é o único país instaurado na miséria, o continente africano quase todo tem lugares em que pessoas vivem em condições subumanas. Mas é claro, é mais fácil ignorar o que está acontecendo.
E o pior é que o que sinto quando vejo ou leio algo sobre o acontecimento e que me corta o coração é que eu quero fazer alguma coisa mas não tem como. Aliás, eu tenho, como todo mundo tem que é enviar ajuda, mas falo mesmo de uma ajuda bem substancial, AQUELA ajuda que muitos governantes, bilionários podem dar... Deveriam dar... Mas não o fazem por puro egoísmo. Não sei como esse povo dorme com muitos sofrendo pelo mundo... E não sei como eu consegui dormir também.